mundo de palavras

《Todos temos lutas e batalhas que ninguém sabe》

Lutas interiores que tanto nos magoam, que tanto nos destroem. Esta tempestade que acontece do lado de dentro faz tudo o que rodeia tremer…obriga a recuar, a deixar o tempo voar sem criar memória. É preciso parar, olhar para dentro e respirar. Vai mesmo com medo, vai…

…e eu fui! Há tempestades que nos obrigam a aceitar que é possível dar a volta por cima!

Hoje!

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Hoje, tempo em que trocamos o contacto físico e os olhos nos olhos por mensagens e encontros virtuais, veio um vírus e proíbe o contacto físico e a presença dos nossos. A correria do dia a dia. Não tínhamos tempo para nada. Assumimos várias tarefas ao longo da semana. Conclusão: não tivemos tempo para fazer tudo que queríamos. Aquela visita que foi adiada alegando a falta de tempo? Ela foi adiada novamente. Mas desta vez, não por nós. Eis que uma Pandemia nos obriga a ter tempo. Esse que se tornou desconhecido e não sabemos o que fazer com ele. Obrigatoriamente, teremos tempo. Tempo para estar em casa, sozinhos ou com a família. Que este tempo de incertezas e suspensão de rotinas possa ser também um tempo de reflexão, um salto de consciência para uma vida com mais significado, mais responsabilidade e muito mais feliz.

Um vírus que nos veio relembrar que todos temos o mesmo corpo frágil, que dói, adoece e morre.

«Não estamos sós na tempestade!»

Rua da infância!

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Embora eu pense que o ontem foi o melhor, que as lembranças são mais especiais, cada pessoa levará sempre consigo recordações mágicas, lembrando-se com saudade do que viveu, junto de pessoas que valeram a pena. Guardamos o que alimenta o coração. Porque levamos no peito quem compartilhou alegria connosco, mesmo que por pouco tempo. É assim, afinal, que se recarrega diariamente e se continua seguindo, em busca de ser feliz, na esperança de reviver tudo o que deixou o nosso caminho mais iluminado. Esta rua…A rua onde aprendi a andar de bicicleta, ou melhor, onde aprendi a cair de bicicleta. Esta rua que tanto corri é a rua da minha infância!

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Chegado o 1 de Maio, celebre-se a natureza, que por esta altura volta a ser jovem e atrevida.

Colocam-se nas entradas das casas na noite de 30 de Abril para 1 de Maio para dar sorte, para proteger de «entidades malignas» ou «esconjurar o mal e a ominipresente insegurança da vida»- Maria Carvalho!
O amarelo das doces maias, em meio ao verde, tem um vento de alegria embutido. É porta-voz de um retemperar, um desabrir, um florescer que emoldura as inevitáveis mudanças que cada este tempo nos traz.

Páscoa!

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“Vais ver, qualquer dia estamos na Páscoa!”

Ana, Bagana, Rabeca, Fuzana, Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos.”

E estamos mesmo. “Carnaval em casa e Páscoa na praça” Este ano o ditado é ao contrário…o Carnaval passei na praça, a Páscoa vai ser em casa…a mesa com lugares por preencher! Mas de coração cheio, cada um no seu lugar, no coração…na minha memória! Falta-me o cheiro das sêmeas doces, dos ovos pintados com a casca da cebola, dos biscoitos que levam azeite e não têm receita- a Maria Alice faz a olho desde sempre- ela que não tem jeito para a pastelaria mas que faz pão, semeas e biscoitos como ninguém!!! De manhã cedo ela amassa o pão, amassa com as mãos que tanto trabalho fizeram numa vida, tanta terra cavaram, tanta gamela pegaram para a praça! Oh Mã, posso riscar o forno? -Sai daí garota, eu faço, se não o pão não fica bom. Pão quente e lá se ia meia caixa de manteiga, Planta claro. Mais uns biscoitos com queijo – ai rapariga ainda te dá a volta à barriga de comeres isso tão quente!!! É desta Páscoa que me lembro e me faz feliz! (E de partir os ovos na cabeça dos outros e logo a seguir levar 1 raspanete por nao comer o ovo – quem parte tem de comer)

Mãe, quem te ensinou a fazer pão? -Olha, aprendi com quem me criou, podia faltar carne e outras coisas, mas pão…nunca!!

Ramos molhados…Anos Melhorados!

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De manhã cedo la vinha a mãe com ráfia na boca para apertar os ramos.Um para cada um. Às vezes ela punha uns rebuçados. Havia quem colocasse bolachas Maria, e eu ficava a olhar para elas, a rodar ali penduradas. O meu pai fazia um ramo bem alto, louro, alecrim e oliveira, e lá íamos nós, Dia de Ramos. O cheiro a louro, alecrim ou rosmaninho que pairava no ar, ramos altos, enormes pernadas de loureiros (às vezes acreditava que as pessoas levavam árvores!!) com alguns ramos de oliveira e alecrim atados. Um lirio ou uma camélia a enfeitar faziam a cobiça de quem não os tinha. No fim, “Guarda o ramo para dar à madrinha, está abençoado”…não quero, vou ficar com ele, vou guardar atrás da porta da cozinha e quando trovejar vou queimar-diziam que afastava a trovoada, e como sempre a detestei, encontrei ali uma solução!! Este dia seria mais um dia de família à mesa, conversas cruzadas…hoje é também, mas em videochamada, com chuva na rua. Que os ramos molhados anunciem dias melhorados! Domingo de Ramos em tempos do Covid-19.

A Fé…

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As religiões vão construindo um mundo confortável para podermos estar nelas como quem se resguarda de uma tempestade. Não importa de qual religião sejas, o importante é respeitar a crença do próximo. O que importa é que todos consigam conviver e se respeitar, independentemente das diferenças.

É assim que recordo a Praça de São Pedro.  Eu já tinha visto esta praça tantas vezes, nos jornais, na televisão, nos grandes momentos da igreja, quando todos os olhos do mundo se viram para Roma. Mas estar ali, ao vivo, teve um gosto diferente. Deixei os meus olhos verem coisas que antes só imaginava, pelos livros, tv ou pelas histórias. Tornou-se real, algo que pensei ser um universo muito distante.
Hoje todos os olhos se voltaram para esta praça, vazia. Ninguém ficou indiferente! Dias impensáveis, dizem…dias que traduzem o que a maioria de nós passa neste momento.

Na verdade,

NADA nos salva se estivermos agarrados à fé sem lutar!